Solidariedade
Um pedido de ajuda
ONG Sopão de Rua precisa de apoio financeiro para continuar atuando em benefício de moradores de rua e comunidades carentes; nos últimos quatro anos foram mais de 50 mil litros de sopa distribuídos em Pelotas
Leandro Lopes -
Por: Rochele Ücker
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Já passava das 19h quando a dona de casa Claudia Beatriz Oliveira chegava ao número 2697 da rua Padre Anchieta. Todas as quintas-feiras ela cumpre o trajeto de cerca de dois quilômetros da sua casa, no Navegantes, até a sede da Organização Não-Governamental (ONG) Sopão de Rua, no centro da cidade, para buscar alimento para ela e a sua família. Quatro litros de sopa que serão partilhados com dois filhos, a mãe e o irmão. Assim como Claudia, outras dezenas de pessoas são beneficiadas pelo projeto, que já é responsável pela distribuição de mais de 50 mil litros de sopa em Pelotas.
O fundador, o chaveiro Enrique dos Santos, conta que a ONG surgiu em 2013 especificamente para servir moradores de rua, mas logo passou a atender famílias que vivem em comunidades carentes. A história começou no seu local de trabalho – uma peça alugada onde mantém o negócio que o sustenta –, com gás e ingredientes adquiridos com a própria renda. “A panela e o fogão eram emprestados”, lembra. Levou algum tempo, mas o projeto tomou forma e passou a se sustentar a partir de doações e recursos próprios. Foram conquistados voluntários, o título de Organização Não-Governamental, uma Kombi e uma casa sede – com lavatório, barbearia, enfermaria, serviço social, rouparia e biblioteca. No entanto, a ONG que ajuda Claudia e outras tantas pessoas atualmente passa por sérios problemas financeiros. Já sem tantas opções a oferecer, corre o risco de ter suas atividades interrompidas.
Há seis meses o imóvel onde eram realizadas as atividades do Sopão de Rua foi devolvido ao proprietário devido à falta de dinheiro para arcar com as despesas do local. De acordo com Enrique, mesmo que as doações de mantimentos sejam suficientes para a produção da comida, ainda são muitas as dificuldades para quitar as dívidas ao final do mês. Só em aluguel na antiga casa o gasto – na verdade investimento - era de R$ 1.000,00. Às contas do mês, ainda são somados os custos de água, luz, gás e gasolina.
Como atua o projeto
Hoje o Sopão de Rua distribui semanalmente 200 litros de sopa entre famílias carentes e moradores de rua. Na quarta-feira, com a Kombi da ONG, Enrique se dirige até as comunidades, onde serve a todos aqueles que formam fila em volta do veículo. Na quinta o atendimento acontece na “sede” da Padre Anchieta. Na pequena peça de cerca de 32m², ele voltou a ficar imerso entre chaves e panelas. Ele divide o tempo de trabalho com a produção da sopa que será distribuída no dia. Ao fim de cada distribuição, o pensamento volta a ser o amanhã. “Eu já saí chorando de alguns lugares. As crianças nas vilas gritando ‘olha a sopa, olha a sopa!’ e tomando tudo ali do meu lado. O trabalho não pode parar.”
O papel da comunidade
As doações realizadas pela comunidade ao longo dos anos possibilitaram ao projeto oferecer outros serviços, como o empréstimo de equipamentos. Já são 30 cadeiras de rodas, 15 cadeiras de banho e duas camas hospitalares cedidas.
Alimentos não faltam, também por doações. A necessidade financeira é o grande problema para o Sopão de Rua. São os gastos fixos a dor de cabeça diária do fundador. O convênio da ONG com a prefeitura – cerca de R$ 600,00 mensais – poderá não ser renovado, por exemplo. Além do aumento da demanda, a diminuição da renda preocupa. “Eu sei que um bom projeto teria que ter uma boa instalação para dar conforto a quem precisa, pelo menos um dia na semana. Um banho quente pode não parecer muito, mas pra quem precisa, é. Por isso o Sopão necessita de pessoas que possam ajudar financeiramente ou cedendo alguma estrutura, um imóvel, algum local onde o trabalho possa seguir”, afirma.
Quem tiver interesse em contribuir pode entrar em contato com Enrique através da página do Sopão de Rua no Facebook ou pelos telefones (53) 98422 1264 e (53) 99123 0457.
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